REMÉDIO USADO PARA ''ENGANAR'' O BAFÔMETRO É VENDIDO SEM RECEITA
Questionado sobre a necessidade de prescrição, o balconista de uma drogaria no bairro de Perdizes foi enfático:
— Para esse medicamento? Não precisa.
Indicado para o tratamento de alcoolismo e alterações hepáticas, o
remédio, segundo a bula, acelera o metabolismo do álcool, o que na
cabeça dos jovens deveria mascarar o nível da substância no sangue. Mas,
a hepatologista dra. Edna Strauss, da Sociedade Brasileira de
Hepatologia (SBH), alerta para os perigos.
— Isso é uma loucura e as pessoas estão sendo enganadas. O medicamento é
eficaz no tratamento de quadros clínicos específicos e não para deixar o
motorista sóbrio.
A médica acrescenta que, “por ser uma droga relativamente nova, seus
efeitos em longo prazo ainda são desconhecidos”. Mas, ela cita
taquicardia, sensação de mal-estar e até convulsão como possíveis
consequências da administração do comprimido sem orientação médica.
Indignado, o psiquiatra dr. Ronaldo Laranjeiras, professor titular da
Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e coordenador do Instituto
Nacional de Políticas de Álcool e Drogas, critica quem acredita nessa
“promessa”.
— É muita ingenuidade acreditar que um remédio possa anular o efeito do
álcool. Isso é perigoso. Há poucas evidências científicas a favor do
metadoxil que, aliás, nem é aprovado pelo FDA.
Em nota, o laboratório Baldacci S.A., que comercializa o remédio,
desaconselha a automedicação e ressalta que “o uso do metadoxil não
protege o motorista que ingeriu bebida alcoólica da condição de infrator
e também não impede a detecção do uso de álcool pelo bafômetro”.
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